Vivo no Trânsito
Responsável: Marccelo Pereyra
A cidade de São Paulo registrou nesse primeiro trimestre do ano, 194 acidentes fatais,sendo 85% com motocicletas. No ano anterior, antes da Pandemia, esse número foi de 189.
Antes que esses números caiam no esquecimento da memória cultural brasileira, como é de costume nesse país de desmemorização permanente, gostaria de chamar a atenção do leitor para uma reflexão. Qual seria o fenômeno que estaria irradiando esse número fatídico, num momento em que a circulação de veículos apresentava uma redução diária em todas as cidades brasileiras?
Seriam fatores da dinâmica do tráfego nesse período, ou seriam fatores de natureza psicossocial que “influenciaram” esse aumento de acidentes fatais em três meses de uma circulação reduzida, limitada e restrita em nossas ruas e avenidas de todo o Brasil, nesse período?
Ou de outra maneira, eu perguntaria se teria sido a imunidade do trânsito à Pandemia? Talvez o número reduzido de veículos tenha feito com que também se tornasse reduzida a fiscalização e, por consequência, isso teria provocado uma conduta mais abusiva do condutor de veículo!
Afinal, o trânsito brasileiro precisa de fiscalização ou de educação? Precisa de mais fiscais e radares nas cidades e estradas, ou de mais exigências na aquisição da habilitação e na conduta responsável dos motoristas desse país?
Quem é o verdadeiro responsável por esses números absurdos e inadmissíveis num país que gasta bilhões em educação, formação, treinamento, licenciamento, habilitação, tratamento e hospitalização do povo brasileiro, em meio a essa teimosa e insistente realidade que ninguém consegue alterar de maneira definitiva e permanente?
As estatísticas brasileiras deveriam envergonhar a todos nós que lidamos com o trânsito e mais ainda a quem responde por ele oficial e institucionalmente.
Deveriam causar um mutirão de ações efetivamente capazes de resolver e eliminar essa realidade, e não para servir apenas como conteúdo para entrevistas, seminários, videoconferências e outros cenários mais.
Leiam a matéria enquanto ela estiver na lembrança. Depois, todos nós vamos nos esquecer dela.
Fonte: Cidade de SP registra alta no número de acidentes fatais no 1º trimestre deste ano; 85% das mortes são de motociclistas
Por Bom Dia SP e G1 SP — São Paulo 03/05/2021 13h30